O Brasil foi descoberto em 1 500.
A colonização do Piauí se deu somente no ano de 1 662 com a instalação de dois bandeirantes, figuras importantes na história do Piauí, Domingos Afonso Mafrense e Domingo Jorge Velho, que se fixaram às margens do riacho mocha onde serviu de base para a implantação do povoamento, vindo a ser mais tarde Oeiras a Capital do Piauí.
Marcos Francisco de Araújo Costa, português, que veio também para o Brasil, instalou-se na localidade de Paulista, hoje Paulistana. Casou-se com uma jovem de grandes recursos a Srta Maria Rodrigues Santana e teve vários filhos, dentre os quais Marcos de Araújo Costa que nasceu em 1780 no arraial de Paulista. Após algumas desilusões políticas o Sr. Marcos Francisco de Araújo Costa, pega sua esposa e os filhos lnácio Francisco, Antonia, Francisco Manoel, Josefa, Maria, Ana e Marcos e via para se estabelecer na Fazenda Boa Esperança. Construiu a Casa Grande, casa de adobes, teto de carnaúba amarrado com couro, coberto de telhas, com paredes internas rebocadas e caiadas de tabatinga, o chão era de ladrilhos cozidos. O senhor Marcos Francisco, homem letrado e de grande cultura, mantinha uma escola gratuita onde ensina a ler e a contar os filhos de parentes e amigos, bem como crianças órfãs, nas quais notasse algum pendor ocre as letras. Além dos filhos e parentes, foram muitas as pessoas que estudaram com o Sr. Marcos Francisco. O pequeno Marcos teve seu pai como primeiro professor, demonstrando grande facilidade em aprende pois possuía notável memória. Algum tempo depois, o jovem Marcos foi estudar no Rio Grande do Norte. Matriculou-se depois em Olinda - Pernambuco, onde teve como grande mestre o Padre João Ribeiro, que lhe formou o espírito cívico e nacionalista. Com o consentimento do pai partiu logo depois para Coimbra em Portugal onde se ordenou padre. Seu pai faleceu antes d sua ordenação. Quando foi ordenado padre e em atenção as suas qualidades ou inteligência e devoção, foi Padre Marcos recomendado pelo bispo para ingressar no colégio de Roma, a fim de seguir os cursos de Teologia no seminário romano. O Padre Marcos celebrou sua primeira missa no dia 15 de agosto de S05, na festa da Assunção de Maria ao Céu. Quando já contava com quase 40 anos de idade teve concretizado o seu sonho. Estabeleceu-se definitivamente na fazenda Boa Esperança. Adaptou a Casa Grande para um colégio de internato e dedicou-se inteiramente à instrução e educação da juventude piauiense.
Na fachada principal da Casa Grande debaixo do pórtico, ostentava uma pequena cruz de madeira. Na parede central, uma imagem de N. Sra das Mercês. No interior da residência poucos móveis de estilo campesino, simples porém dignos e confortáveis.
A instalação da escola em 1820, na Casa Grande, assinala em verdade o começo da educação e ensino no Piauí, proporcionando aos - estudantes um trato paternal cordial e senhorial, além de uma vida espiritual discreta e eficaz.
Boa Esperança era um oásis naquele deserto de desentendimento e contendas políticas que assinalaram a época em que ele viveu. Além de alimento, conforto, dinheiro, instrução até justiça ele distribuiu gratuitamente.
A vida de Padre Marcos contém páginas variadas, visto haver servido à Igreja com idêntico zelo e aptidões nas roças ou no campo, orientando os escravos no amanho da terra, ou os vaqueiros no cuidado do gado da fazenda, donde se tirava o necessário para o abastecimento no internato.
Sua vida está vinculada à história da Província de modo que nenhum historiador pode ignorá-lo. Foi deputado provincial (1835/1839), vice- presidente da Província, membro da junta defensiva durante a Conferência do Equador (20.09.1824), vice-presidente do Conselho Geral da província (1825), vigário de Jaicós (1837), fundador da cidade de Jaicós com a construção da Igreja de N. Sra das Mercês (1833-1836). Além da Igreja construiu também em Jaicós e Casa da Câmara, e tudo isso com recursos próprios. Restaurou o hospital de Caridade de Oeiras, o primeiro hospital público do Piauí. Pugnou pela anexação do delta do Parnaíba do Piauí.Incentivou o Visconde Manoel de Sousa Martins a fazer os recenseamentos de 1826e1831.
A título de curiosidade, o Padre Marcos era adepto das plantas medicinais e mantinha uma rudimentar farmacologia, onde algumas plantas forneciam elementos para a preparação de remédios, Tinha como destaque o mamão que, além de ser um fruto saboroso, tem largas propriedades medicinais, é digestivo, rico em ferro, cálcio e fósforo. Ensinava que a folha do mamoeiro serve para branquear as peças estão sendo lavadas e para amaciar carnes.
Era hospitaleiro. E por isso mesmo nas noites de Natal ele colocava urna vela acesa na janela da casa, a fim de avisar que se por ali passassem pessoas buscando refúgio, encontrariam lá dentro uma família em volta da mesa posta com os bens de Deus, demonstrando cada vez mais a grandeza dos seus atos e a nobreza do seu coração.
Padre Marcos de Araújo Costa,faleceu no dia 4 de novembro de 1850. No ar, abre-se um inebriante perfume de rosas, como que envolvendo a cada alma um infinito amor. Foi sepultado aqui na fazenda Boa Esperança. O colégio de Padre Marcos, que tanto honrou o Piauí, não só pela ousadia do empreendimento, mas sobretudo pela capacidade intelectual e pedagógica do grande mestre que o dirigiu até esse dia, também se desvaneceu. Morreram os dois no mesmo dia, o Padre e o Colégio.
Em 1859, o Presidente da Província, Dr. Antonio Correia do Couto, foi autorizado pelas leis número 463/59 e 497/59, a levantar um mausoléu na Igreja matriz de Jaicós, para nele serem depositados os restos mortais do Padre Marcos de Araújo Costa. Posteriormente a Igreja foi reformada e, lamentavelmente o túmulo do Padre ficou encoberto. Colocaram uma lápide de mármore branco, do lado direito de quem entra na Igreja, com os mesmos dizeres:
NESTA CAPELA MÚR, JAZEM OS RESTOS MORTAIS DO REVERENDO PADRE MARCOS DE ARAÚJO COSTA, FUNDADOR DESTA MATRIZ, CAVALHEIRO E COMENDADOR DA ORDEM DE CRISTO.
No ano de 1992, a Casa Grande, relíquia de grande valor histórico, desapareceu da paisagem deste município, deixando saudade e vergonha incontida pela destruição de um patrimônio da história do Piauí, porém o seu nome e a sua história serão perpetuados por aqueles que valorizam a cultura, e essa cultura será repassada para outros pelo caráter memorável e dignidade merecida desse grande homem.
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A colonização do Piauí se deu somente no ano de 1 662 com a instalação de dois bandeirantes, figuras importantes na história do Piauí, Domingos Afonso Mafrense e Domingo Jorge Velho, que se fixaram às margens do riacho mocha onde serviu de base para a implantação do povoamento, vindo a ser mais tarde Oeiras a Capital do Piauí.
Marcos Francisco de Araújo Costa, português, que veio também para o Brasil, instalou-se na localidade de Paulista, hoje Paulistana. Casou-se com uma jovem de grandes recursos a Srta Maria Rodrigues Santana e teve vários filhos, dentre os quais Marcos de Araújo Costa que nasceu em 1780 no arraial de Paulista. Após algumas desilusões políticas o Sr. Marcos Francisco de Araújo Costa, pega sua esposa e os filhos lnácio Francisco, Antonia, Francisco Manoel, Josefa, Maria, Ana e Marcos e via para se estabelecer na Fazenda Boa Esperança. Construiu a Casa Grande, casa de adobes, teto de carnaúba amarrado com couro, coberto de telhas, com paredes internas rebocadas e caiadas de tabatinga, o chão era de ladrilhos cozidos. O senhor Marcos Francisco, homem letrado e de grande cultura, mantinha uma escola gratuita onde ensina a ler e a contar os filhos de parentes e amigos, bem como crianças órfãs, nas quais notasse algum pendor ocre as letras. Além dos filhos e parentes, foram muitas as pessoas que estudaram com o Sr. Marcos Francisco. O pequeno Marcos teve seu pai como primeiro professor, demonstrando grande facilidade em aprende pois possuía notável memória. Algum tempo depois, o jovem Marcos foi estudar no Rio Grande do Norte. Matriculou-se depois em Olinda - Pernambuco, onde teve como grande mestre o Padre João Ribeiro, que lhe formou o espírito cívico e nacionalista. Com o consentimento do pai partiu logo depois para Coimbra em Portugal onde se ordenou padre. Seu pai faleceu antes d sua ordenação. Quando foi ordenado padre e em atenção as suas qualidades ou inteligência e devoção, foi Padre Marcos recomendado pelo bispo para ingressar no colégio de Roma, a fim de seguir os cursos de Teologia no seminário romano. O Padre Marcos celebrou sua primeira missa no dia 15 de agosto de S05, na festa da Assunção de Maria ao Céu. Quando já contava com quase 40 anos de idade teve concretizado o seu sonho. Estabeleceu-se definitivamente na fazenda Boa Esperança. Adaptou a Casa Grande para um colégio de internato e dedicou-se inteiramente à instrução e educação da juventude piauiense.
Na fachada principal da Casa Grande debaixo do pórtico, ostentava uma pequena cruz de madeira. Na parede central, uma imagem de N. Sra das Mercês. No interior da residência poucos móveis de estilo campesino, simples porém dignos e confortáveis.
A instalação da escola em 1820, na Casa Grande, assinala em verdade o começo da educação e ensino no Piauí, proporcionando aos - estudantes um trato paternal cordial e senhorial, além de uma vida espiritual discreta e eficaz.
Boa Esperança era um oásis naquele deserto de desentendimento e contendas políticas que assinalaram a época em que ele viveu. Além de alimento, conforto, dinheiro, instrução até justiça ele distribuiu gratuitamente.
A vida de Padre Marcos contém páginas variadas, visto haver servido à Igreja com idêntico zelo e aptidões nas roças ou no campo, orientando os escravos no amanho da terra, ou os vaqueiros no cuidado do gado da fazenda, donde se tirava o necessário para o abastecimento no internato.
Sua vida está vinculada à história da Província de modo que nenhum historiador pode ignorá-lo. Foi deputado provincial (1835/1839), vice- presidente da Província, membro da junta defensiva durante a Conferência do Equador (20.09.1824), vice-presidente do Conselho Geral da província (1825), vigário de Jaicós (1837), fundador da cidade de Jaicós com a construção da Igreja de N. Sra das Mercês (1833-1836). Além da Igreja construiu também em Jaicós e Casa da Câmara, e tudo isso com recursos próprios. Restaurou o hospital de Caridade de Oeiras, o primeiro hospital público do Piauí. Pugnou pela anexação do delta do Parnaíba do Piauí.Incentivou o Visconde Manoel de Sousa Martins a fazer os recenseamentos de 1826e1831.
A título de curiosidade, o Padre Marcos era adepto das plantas medicinais e mantinha uma rudimentar farmacologia, onde algumas plantas forneciam elementos para a preparação de remédios, Tinha como destaque o mamão que, além de ser um fruto saboroso, tem largas propriedades medicinais, é digestivo, rico em ferro, cálcio e fósforo. Ensinava que a folha do mamoeiro serve para branquear as peças estão sendo lavadas e para amaciar carnes.
Era hospitaleiro. E por isso mesmo nas noites de Natal ele colocava urna vela acesa na janela da casa, a fim de avisar que se por ali passassem pessoas buscando refúgio, encontrariam lá dentro uma família em volta da mesa posta com os bens de Deus, demonstrando cada vez mais a grandeza dos seus atos e a nobreza do seu coração.
Padre Marcos de Araújo Costa,faleceu no dia 4 de novembro de 1850. No ar, abre-se um inebriante perfume de rosas, como que envolvendo a cada alma um infinito amor. Foi sepultado aqui na fazenda Boa Esperança. O colégio de Padre Marcos, que tanto honrou o Piauí, não só pela ousadia do empreendimento, mas sobretudo pela capacidade intelectual e pedagógica do grande mestre que o dirigiu até esse dia, também se desvaneceu. Morreram os dois no mesmo dia, o Padre e o Colégio.
Em 1859, o Presidente da Província, Dr. Antonio Correia do Couto, foi autorizado pelas leis número 463/59 e 497/59, a levantar um mausoléu na Igreja matriz de Jaicós, para nele serem depositados os restos mortais do Padre Marcos de Araújo Costa. Posteriormente a Igreja foi reformada e, lamentavelmente o túmulo do Padre ficou encoberto. Colocaram uma lápide de mármore branco, do lado direito de quem entra na Igreja, com os mesmos dizeres:
NESTA CAPELA MÚR, JAZEM OS RESTOS MORTAIS DO REVERENDO PADRE MARCOS DE ARAÚJO COSTA, FUNDADOR DESTA MATRIZ, CAVALHEIRO E COMENDADOR DA ORDEM DE CRISTO.
No ano de 1992, a Casa Grande, relíquia de grande valor histórico, desapareceu da paisagem deste município, deixando saudade e vergonha incontida pela destruição de um patrimônio da história do Piauí, porém o seu nome e a sua história serão perpetuados por aqueles que valorizam a cultura, e essa cultura será repassada para outros pelo caráter memorável e dignidade merecida desse grande homem.
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